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Arapuque-se
A palavra “arapuca”, de origem tupi-guarani, refere-se a uma armadilha utilizada para capturar pequenos animais e aves. É construída com galhos, cipós e outros materiais naturais, formando uma estrutura que se fecha quando o animal tenta pegar a isca colocada dentro. No contexto figurado, “arapuca” também pode ser usada para descrever uma situação enganosa ou uma cilada armada para alguém.
A vida pode ser a arte do encontro, mas o encontro não acontece apenas fortuitamente: algo precisa nos iscar. Um elemento disruptivo rouba nosso olhar e por um momento perdemos a noção do perigo onde nos colocamos. Essa coisa estranha que chamamos de amor pode tomar muitas formas nas mãos de muito artistas, mas raramente fazemos desse tópico uma arquitetura.
A história da arte é repleta de exemplos de armadilhas, mas raramente a armadilha assume o protagonismo de uma exposição. O trabalho de Deborah Engel é sobre como iscar o olhar, ao confundir sua visão da arquitetura a partir de um encontro com a tridimensionalidade existente em uma fotografia. Seu olho lhe instrui algo que seu cérebro nega. Nesse sentido, a obra rouba seus olhos.
Ricardo Siri é um construtor de artifícios de acolhimentos. De seus ninhos, casas de abelha ou instrumentos improváveis, ele cria armadilhas disfuncionais como toda boa arte deve ser. Unidos como casal há mais de 20 anos, eles se influenciaram, mas nunca haviam produzido nada juntos.
Esta exposição é uma oportunidade de revelar os mecanismos que produzimos dentro de uma relação. No amor, estamos sempre por um fio, delicadamente conectados entre a liberdade e o aprisionamento, mesmo em busca de um escape. Escape esse que é se tornar presa. A beleza dessa relação nos mostra uma condição humana paradoxal em que a presa é predador – que é aprisionado pela presa. Nesse jogo sem fim, introduzimos uma relação mais ampla que vai além do casal, mas que inclui o visitante dentro desse jogo, simulando seu papel como elemento disruptivo da armadilha que criamos para uns, mas que capta outros. E a incerteza da vida é nunca saber o que teremos para jantar. Arapuca é um problema para todos: presa, predador e o aleatório visitante que, por um fio, caiu ali. Decifrar é devorar.
Marcello Dantas
Arapuque-se
A palavra “arapuca”, de origem tupi-guarani, refere-se a uma armadilha utilizada para capturar pequenos animais e aves. É construída com galhos, cipós e outros materiais naturais, formando uma estrutura que se fecha quando o animal tenta pegar a isca colocada dentro. No contexto figurado, “arapuca” também pode ser usada para descrever uma situação enganosa ou uma cilada armada para alguém.
A vida pode ser a arte do encontro, mas o encontro não acontece apenas fortuitamente: algo precisa nos iscar. Um elemento disruptivo rouba nosso olhar e por um momento perdemos a noção do perigo onde nos colocamos. Essa coisa estranha que chamamos de amor pode tomar muitas formas nas mãos de muito artistas, mas raramente fazemos desse tópico uma arquitetura.
A história da arte é repleta de exemplos de armadilhas, mas raramente a armadilha assume o protagonismo de uma exposição. O trabalho de Deborah Engel é sobre como iscar o olhar, ao confundir sua visão da arquitetura a partir de um encontro com a tridimensionalidade existente em uma fotografia. Seu olho lhe instrui algo que seu cérebro nega. Nesse sentido, a obra rouba seus olhos.
Ricardo Siri é um construtor de artifícios de acolhimentos. De seus ninhos, casas de abelha ou instrumentos improváveis, ele cria armadilhas disfuncionais como toda boa arte deve ser. Unidos como casal há mais de 20 anos, eles se influenciaram, mas nunca haviam produzido nada juntos.
Esta exposição é uma oportunidade de revelar os mecanismos que produzimos dentro de uma relação. No amor, estamos sempre por um fio, delicadamente conectados entre a liberdade e o aprisionamento, mesmo em busca de um escape. Escape esse que é se tornar presa. A beleza dessa relação nos mostra uma condição humana paradoxal em que a presa é predador – que é aprisionado pela presa. Nesse jogo sem fim, introduzimos uma relação mais ampla que vai além do casal, mas que inclui o visitante dentro desse jogo, simulando seu papel como elemento disruptivo da armadilha que criamos para uns, mas que capta outros. E a incerteza da vida é nunca saber o que teremos para jantar. Arapuca é um problema para todos: presa, predador e o aleatório visitante que, por um fio, caiu ali. Decifrar é devorar.
Marcello Dantas
Exposição Arapuca Centro Helio Oiticica - RJ